sábado, 3 de novembro de 2007

Jovens Violentos

- Quando nos colocamos no papel de vítimas das grosserias e exigências de nossos filhos, esquecemos que eles aprenderam seus valores conosco. Leio numa revista de Nova Iorque que os jovens ali só falam em dinheiro e em pessoas famosas. As moças gostam de sair com os rapazes mais populares, o que tem significado muito variado e pode inclusive querer dizer que tais moços são mais competentes para assaltar ou para conseguir drogas. No Brasil, são freqüentes as notícias sobre violências cometidas por jovens de boa condição econômica - e não raramente contra seus próprios pais ou parentes próximos. Na maioria dos casos, o que está em jogo é o dinheiro: eles sempre exigem mais, enquanto seus pais decidem regular a quantia a eles destinada. Sentem-se indignados, como se estivessem sendo roubados! Reagem com agressividade a essa impressão que, claro, não corresponde à realidade. Os pais se queixam de que os moços de hoje são muito diferentes. Eles são apáticos, indiferentes a tudo e a todos, sem garra e com a ambição totalmente voltada para as coisas materiais. Não têm projetos para o futuro. Sonham apenas em ficar ricos e famosos, mas não percebem que tais recompensas representam o futuro de um esforço prévio. Qual a origem desse comportamento? É preciso averiguar se, de fato, nossos jovens são mais violentos e propensos às transgressões do que os das gerações anteriores. Não creio que nossa espécie venha se deteriorando. Acredito, porém, que somos muito influenciados pelo meio em que crescemos. Somos educados, mais pelo que observamos do que pelo que ouvimos. As pessoas sempre tiveram propensão para levar vantagem e para uma relativa falta de sentido moral - entendido como um freio interno que nos impede de praticar ações que reprovamos. Acontece que, atualmente, muitas crianças crescem vendo seus pais, seus irmãos mais velhos ou outros parentes se vangloriando do mal que fizeram a outras pessoas e de como isso foi lucrativo. Não podemos nos preocupar apenas com dinheiro e fama e depois querer que nossos filhos se interessem pelo conhecimento e passem as noites tentando desvendar os segredos da Física e Matemática. Eles ficarão fascinados pelas mesmas coisas que percebem ser relevantes em casa. Os valores dos nossos jovens são os da nossa cultura materialista e incrivelmente voltada para a busca de glórias a qualquer preço. Eles aprenderam conosco a encarar as coisas dessa forma. Depois, como se não tivéssemos nada a ver com a história, nos encontramos no papel de vítimas de suas grosserias e exigências. Talvez a única característica efetivamente própria desta geração seja a indolência. Não os vejo muito animados nem mesmo para perseguir objetivos sexuais, antes o motor principal da nossa espécie. São passivos, talvez em conseqüência do hábito de assistir TV o tempo todo - não precisam tomar nenhum tipo de iniciativa a não ser a de mudar os canais. Preguiçosos, ambiciosos e materialistas: eis uma mistura explosiva que constitui a maioria da nossa juventude. Assistimos ao agravamento dos comportamentos anti-sociais, a uma piora na postura moral e à abertura para a conduta delinqüente. Tudo isso é muito facilitado pelo uso de drogas, tão ao gosto dos que já não são muito esforçados. O grau de violência que temos presenciado é ainda pequeno perto do que podemos esperar, dadas as condições em que eles estão sendo criados. É urgente rever os valores que estamos transferindo para os nossos filhos.

Flávio Gikovate*
(*) Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.

postado por: Andressa Da Costa Araujo

2 comentários:

Thaís, Andressa, Afra, Luiza, Nathalia Maria, Caroline marques,Fernanda disse...

Segundo a postagem da Andressa, penso que na nossa sociedade pós moderna, a mídia colabora mesmo para nos influenciar, nos emburrecer e mexer com esse sentimento de exclusão,a partir do momento que a mídia cria parâmetros para classificações sociais, quase sempre inalcançável, que sustenta o sonho dos jovens.Como comprar aquele tênis que dará à você "status" ou ter aquela calça "jeans" que te deixa muito mais sexy.No entanto, minha intenção aqui não é defender a violência, muito menos justificar a violência juvenil, mas tentar compreender porquê, mesmo diante das pressões sociais, culturais, regras, leis e políticas de assistência social, os jovens cometem atos violentos, de maneira deliberada e de graus cada vez mais elevados.Talvez nossa compreensão possa ser pensada um pouco por esse raciocínio.Além disso, atualmente muitos jovens de boa condição econômica são os alvos por realizarem atos violentos, pois nem sempre a violência agrava-se devido à interação sujeito e ambiente, mas possivelmente devido à uma atrofia no envolvimento ou na participação entre a família, escola e sociedade.

Thaís, Andressa, Afra, Luiza, Nathalia Maria, Caroline marques,Fernanda disse...

A Afra que fez o primeiro comentário!!EEEEEEEEE rsrsrs